A condição dos rios em 25 estados brasileiros é monitorada mensalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA). No levantamento mais recente, referente ao mês de julho, a autarquia diz que anomalias relacionadas ao baixo nível de chuvas nos meses anteriores fez com que áreas do Pará, Amazonas, Rondônia, Acre e Tocantins enfrentassem regimes de seca em níveis variáveis.
Dodó Carvalho, que é membro da diretoria do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial e Lacustre e das Agências de Navegação no Estado do Pará (Sindarpa) e presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), explica que a vazante em si já é conhecida, pois ocorre naturalmente, afetando principalmente os rios do Amazonas e do oeste do Pará.
Apesar do fenômeno ser esperado durante o verão amazônico, Sobrinho avalia que há um temor de maiores impactos em 2023, sobretudo em decorrência do clima mais seco, das temperaturas mais elevadas, dos períodos mais longos sem chuva e a expectativa de que o El Niño seja mais intenso.
“Há uma tendência de piora por causa do El Niño. Se a vazante for intensa, nós temos que reduzir a capacidade de carga e os barcos podem não chegar no porto de Terra Santa, por exemplo, assim como ocorre na região do Rio Madeira, desde Porto Velho até Manaus, ou no Rio Solimões por causa da limitação de calado”, alerta o empresário, reforçando que o impacto sobre a navegação afeta ainda outras atividades produtivas.
De acordo com Dodó Carvalho, as secas nos rios do oeste do estado costumam ocorrer a partir da terceira semana de setembro e seguem até a primeira quinzena de dezembro. Já na porção leste, o principal foco de atenção é o Rio Tocantins, onde o tráfego fica impossibilitado durante todo o segundo semestre.
“O principal corredor para o agro é o rio Tapajós. Quase 99% da carga que sai de Miritituba com destino a Santarém, a Barcarena ou ao porto de Santana, em Macapá, passa por esse rio. É a produção de soja, de milho, fertilizantes e outros produtos que pode ficar comprometida com a vazante do Tapajós. Não se deixa de navegar, mas há um impacto porque diminui a capacidade de transporte devido a questões de segurança”, esclarece Carvalho.
Fonte: Fabrício Queiroz - Pará Terra Boa